sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Gravidez na Adolescencia e suas Consequências

Nos dias que correm os debates acerca dos casamentos pré-maturos e as gravidezes na adolecências vão alimentado debates nos mais diversificados fóruns sociais e políticos. Várias soluções são avançadas, porém os resultaados, esses tardam a surtir os seus efeitos. Os especialistas apontam as práticas sócio-culturais como estando na origem deste problema.

É com nesse pressuposto que que também vos sugiro este pequeno artigo, no qual trago algumas ideias sobre a gravidez na adolescencia e suas consenquencia. 

A gravidez na adolescência, para além das consequências médicas (incluindo a saúde mental), físicas, psicológicas, educacionais, socioeconómicas, traduz-se em consequências negativas na qualidade de vida futura dos adolescentes, com diminuição das suas oportunidades de emprego/carreira profissional.

As suas consequências devem ser vistas do ponto de vista individual, da família e da sociedade em geral. A rejeição na sociedade por parte dos colegas de escola e amigos, agravadas, muitas vezes, pelo facto de uma ausência assumida de paternidade, aliada ao peso do assumir sozinha a maternidade, são algumas das consequências que se reflectem fundamentalmente na adolescente rapariga.

A rejeição por parte da família devido à vergonha; a perspectiva de crescimento do agregado familiar em famílias de baixa renda, com a consequente subnutrição da adolescente originando, partos prematuros, nascimento de crianças de baixo peso que, por outro lado, favorecem as infecções neonatais, são importantes consequências das gravidezes na adolescência e, principalmente, no contexto da comunidade urbana.

É facto conhecido que muitas raparigas, ao engravidar precocemente, abandonam a escola, e podem por vezes ser expulsas do seio familiar. Recorrer ao aborto ilegal pode trazer muitas complicações, inclusive levando à morte. O papel da família e da sociedade é bastante importante no manejo da problemática da gravidez precoce.

Complicações médicas e obstétricas mais frequentes da gravidez precoce

Vários, investigadores estão de acordo que a gravidez na adolescência representa um risco para a suade da mulher grávida. Outros especialistas revelam que os riscos de gravidez são mais reduzidos entre os 17 e 19 anos de idade. Há outros especialistas que defendem que independentemente da idade as condições socioeconómicas colocam as pessoas numa situação de alto risco. Nos países em vias de desenvolvimento as pessoas se encontram numa situação de maior vulnerabilidade. Em Moçambique foi definiu-se 16 anos como idade mínima para uma gravidez.

Existe uma numerosa lista de complicações decorrentes de uma gravidez de risco, dentre as quais destacamos.

·         Doenças hipertensivas da gravidez (pré-eclâmpsia/ eclampsia);
·         Trabalho de parto arrastado;
·         Lacerações do períneo, vagina e colo;
·         Mortalidade perinatal;
·         Baixo peso ao nascer;
·         Aborto inseguro.

Estas complicações podem surgir com mais frequência em adolescentes ou com os fetos/recém-nascidos destas adolescentes, bem como mulheres de idade mais avançada.

Mortalidade materna

A morte materna define-se como aquela que ocorre durante a gravidez, parto e puérpero, independentemente da localização da gravidez. Estima-se que em Moçambique compreendidas taxas de mortalidade materna se situem entre 500 e 1.500 mortes por cada 100.000 nados-vivos. Estes valores são referentes às mortes ocorridas nas instituições de saúde e normalmente por causas principalmente evitáveis. Nos países desenvolvidos, como na Suécia, Japão, Estados Unidos, esta proporção é estimada em cerca de 10-15 mortes em cada 100.000 nados vivos.

Consequências da gravidez indesejada

A gravidez não desejada acarreta uma série de consequência para os adolescentes. Dentre elas podemos destacar as seguintes:consequências físicas, sociais e psicológicas

Consequências físicas

É na adolescência que ocorrem as mais importantes transformações do corpo, daí que uma gravidez nessa fase acarreta maiores riscos, Os riscos obstétricos mais frequentes, são: hemorragias, anemias, infecções urinárias, disfunção uterina, desproporção céfalo-pélvica, ganho de peso insuficiente, hipertensão, deslocamento prematuro da placenta, trabalho de parto mais complicado (cesariana ou fórceps), morte da mãe decorrente de complicações da gravidez, parto e puerpério.

O risco também se encontra associado ao facto de muitas adolescentes apenas iniciarem os cuidados pré-natais bastante tarde e com o estilo de vida de muitas adolescentes (IST's, consumo de álcool, tabaco e drogas). Para além da mãe adolescente os riscos cercam a saúde do bebe. Desses riscos e/ou perigos podemos destacar os seguintes: nascimento prematuro, maior mortalidade perinatal, baixo peso à nascença, maior mortalidade infantil, anomalias no sistema nervoso central, dificuldade respiratória, hipoglicemia, convulsões, entre outras.

Consequências sociais
A nível social a gravidez não desejada na adolescência coloca a pessoa numa situação de pressão social, o que suscita sentimentos de vergonha, culpa, medo e insegurança face aos comportamentos dos familiares, amigos e da própria sociedade, tendo como consequência o abandono escolar e na pior das hipóteses da casa dos pais buscando refúgio em casa das amigas. Todos estes aspectos levam a que a adolescente não procure desenvolver projectos de vida para si e para o seu bebé.
A maternidade precoce leva a uma estigmatização destas jovens, a causa desta censura acontece na maioria das ocasiões porque esta situação ocorre muitas vezes em subgrupos específicos, nomeadamente em contextos sociais caracterizados por fracos recursos económicos. Igualmente resultado da maternidade precoce é a imposição de um compromisso, o casamento. A união com o parceiro é instável e imatura. Este por sua vez, pela própria imaturidade e pela ausência de um vínculo afectivo com frequência abandona a mãe e o filho.
Consequências psicológicas
Os sentimentos de culpa, de instabilidade emocional e psicológica conduzem estados de ansiedade e depressão para os quais contribuem o afastamento dos amigos e a relação instável com o parceiro. A nova vida e os desafios que lhes coloca mudam radicalmente a estrutura psicológica da adolescente grávida, a frustração e o arrependimento, o desamparo a baixa, a altos índices de ansiedade, a depressão e hostilidade, são as marcas desta fase. Para além disso o sentimento de tristeza, pessimismo, culpa, ideias suicidas, irritabilidade, indecisão, perda de libido, apetite e peso, obsessão pelas mudanças corporais provocadas pela gravidez, provocam um abalo psicológico e emocional da adolescente grávida.